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quinta-feira, 9 de junho de 2011

A CEIA DO SENHOR NÃO É UM RITUAL, É UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL


“e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”

(At 2.42)


Esses são os quatro pilares da vida prática da Igreja. O partir do pão é tão importante quanto a doutrina dos apóstolos, a comunhão e a oração. Porque é tão importante o partir do pão? Desde o princípio da Igreja o partir do pão foi uma prática habitual. Todos os dias eles partiam o pão de casa em casa.

“E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração” – (At 2.46)


A Igreja em Jerusalém cresceu rápido e não tinha como reunir todos os irmãos de uma só vez no mesmo lugar, logo reuniam grupos de casa em casa. Havia na consciência dos irmãos um reconhecimento da importância de partir o pão todas as vezes que reuniam. Mais a frente com os gentios, a ceia passou a ser celebrada apenas no primeiro dia da semana.
“No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão, Paulo, que havia de sair no dia seguinte, falava com eles, e prolongou o seu discurso até a meia-noite” – (At 20.7).

No século II e III houve grande discussão se o partir do pão deveria ser todos os dias ou apenas uma vez por semana, por causa dessa diferença entre Atos  2.46 e Atos 20.7 e em um concílio a Igreja decidiu que o partir do pão deveria ser como o costume praticado na pela Igreja Primitiva; e assim permaneceu até a reforma.
A crença do Romanismo é que o sacerdote tinha o poder de transformar o pão e vinho em carne e sangue durante a missa, e que essa crença mantinha as pessoas cativas à missa.
Por isso na reforma a ceia perdeu a importância na vida e prática da Igreja. Nos escritos tanto Lutero como Calvino reconheciam a importância da ceia nas escrituras. Calvino por exemplo, dizia que apesar da importância do partir o pão, para retirar a mentalidade do Romanismo decidiu que a ceia só devia ser celebrada uma vez por ano. Naquele momento histórico para retirar o romanismo da mente das pessoas a ceia ficou em um lugar secundário, mas com o tempo isso virou tradição e hoje perdemos o sentido da ceia.
O grande perigo é que a ceia pode se tornar em um ritual. Fazemos porque está escrito sem entender o significado. O Senhor Jesus nunca disse nada sobre como deveria funcionar a reunião da Igreja. Não existe nenhuma explicação, com exceção de uma única coisa: A ceia.
 “E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” – (Lc 22.19)

“Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou pão;  (24)  e, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é por vós; fazei isto em memória de mim.  (25)  Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.  (26)  Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha” – (1 Co 11.23-26).

A reunião cristã se originou na ceia do Senhor.
O protótipo da Igreja era Jesus reunido com os seus discípulos. Cristo era fisicamente o centro da reunião. Todos que estavam ali, estavam por causa dEle, pelo chamado dEle, para estar com ele, tudo girava em torno da pessoa dEle. Após a sua ascensão ele não mais esteve presente fisicamente.
Como podemos agora na ausência física dele garantir que Ele continue sendo o centro da reunião? Que nada tome o seu lugar, nenhum outro nome, nenhuma outra coisa, que tudo gire ao redor dEle?
O pão e o vinho se tornaram o símbolo do corpo e sangue de Cristo, pela palavra do Senhor. É o Senhor mesmo, Símbolos dEle. Isso é um sacramento um símbolo que representa uma realidade.
Em João 6 temos uma profunda exposição do seu sangue e carne, do significado da ceia.
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.  (27)  Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.  (28)  Perguntaram-lhe, pois: Que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?  (29)  Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.  (30)  Perguntaram-lhe, então: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos e te creiamos? Que operas tu?  (31)  Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer.  (32)  Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.  (33)  Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.  (34)  Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.  (35)  Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais tará sede.  (36)  Mas como já vos disse, vós me tendes visto, e contudo não credes.  (37)  Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.  (38)  Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.  (39)  E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.  (40)  Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.  (41)  Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu;  (42)  e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu?  (43)  Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.  (44)  Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.  (45)  Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.  (46)  Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de Deus; só ele tem visto o Pai.  (47)  Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna.  (48)  Eu sou o pão da vida.  (49)  Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.  (50)  Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.  (51)  Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.  (52)  Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer?  (53)  Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.  (54)  Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.  (55)  Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.  (56)  Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.  (57)  Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.  (58)  Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre” – (Jo 6.26-58). 

O pão continua sendo pão e o vinho continua sendo vinho.

“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” – (Jo 6.63).

O poder está no espírito e na vida da Palavra. Na ceia do Senhor estamos falando dEle mesmo.

A ceia é composta de duas partes – a ceia em si e a mesa do Senhor. A ceia é o conteúdo – o Senhor Jesus. Dele procede a vida, tudo o que somos e temos.
A mesa do Senhor significa que nos reunimos ao redor do Senhor Ele é tudo o que nós precisamos. Ele é o nosso fundamento. A nossa vida. A ceia deve ser um momento da revelação de Cristo em nossos corações.
Quando a ceia se torna um rito com palavras decoradas e fórmulas, ela perde a vida. A ceia é a demonstração da comunhão da Igreja com o Senhor. E não há ceia sem a Igreja ao redor da mesa do Senhor.
Ninguém tinha idéia de como devia ser a reunião cristã exceto que deveriam fazer a ceia do Senhor. Quando a Igreja celebrava a ceia eles começavam a fazer memória ao Senhor.
O que é isso? Começavam a falar do Senhor, de como era estar com Ele. Do que Ele significava para cada um deles.
O que é uma mesa? Ali está a comida e todos nós podemos participar da mesma comida. Todos nós participamos de Cristo, do mesmo Cristo. A mesa é familiar todos participam da conversa, é o lugar da reunião da família. A mesa é o símbolo da comunhão da família. Estranhos não são chamados à mesa. Deus nos chamou para a mesa, pois somos os seus filhos.
A centralidade do Senhor na mesa. Ali ao redor da mesa nasceram as palavras, cânticos, a adoração. Ceia não é um rito é uma experiência espiritual, onde tocamos corporativamente no Senhor e isso nos renova. A ceia é o centro da reunião do Senhor. É o momento mais sublime da reunião. Deveria ser uma prática habitual. Na ceia também celebramos o valor do sangue.
É um ponto de reconciliação, pois celebra o pacto do Senhor, o valor do seu sangue, fala do perdão, e do poder do sangue que é vigente por toda a eternidade. Logo, a ceia nos leva a uma vida habitual de arrependimento, confissão e conserto com Deus.
O caminho de Emaús
“Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.  (13)  Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios;  (14)  e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido.  (15)  Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles;  (16)  mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.  (17)  Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes.  (18)  E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias?  (19)  Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo.  (20)  e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.  (21)  Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.  (22)  Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro  (23)  e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo.  (24)  Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram.  (25)  Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram!  (26)  Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?  (27)  E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.  (28)  Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe.  (29)  Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.  (30)  Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava.  (31)  Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles” – (Lc 24:12-31).

Será que muitas vezes não estamos assim falando de Jesus como se Ele estivesse ausente? Vemos Deus presente no passado, vemos Deus presente no futuro, mas ausente no presente. Isso é um sério problema. O Senhor Jesus estava ali com eles, mas falavam como se não estivesse presente até quando?
Quando partiram o pão os seus olhos se abriram e reconheceram a presença do Senhor. De alguma forma na ceia há um discernimento da presença do Senhor. Os nossos olhos se abrem.
Em Atos 2.42 temos os quatro pilares da prática da Igreja e a ordem deles é importante para nós. Primeiro é a doutrina dos apóstolos, pois é o fundamento da comunhão. A comunhão do corpo nos possibilita a reunirmos dignamente como Igreja ao redor da mesa do Senhor. Por isso, as nossas questões precisam ser resolvidas antes. Agora como um só corpo, em comunhão com o Senhor, podemos orar na unidade necessária, como um só homem, um só coração.
“De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.  (28)  Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice.  (29)  Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor” – (1 Co 11.27-29). 

O problema aqui não são os pecados escondidos no coração, mas o contexto é não discernir o corpo de Cristo - “a Igreja como corpo do Senhor”.

Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, mas para pior.  (18)  Porque, antes de tudo, ouço que quando vos ajuntais na Igreja há entre vós dissensões; e em parte o creio” – (1 Co 11.17-18).

A ceia do Senhor era praticada na festa do ágape. Em algum momento dentro do ágape a ceia era celebrada. Durante a festa os irmãos brigavam, humilhavam, pois alguns traziam segundo as suas posses, mais comida que o outro. Uma comida mais cara que a do outro, e não repartiam, e depois de tudo isso pegavam o cálice e o pão como se nada tivesse acontecido. Isso é tomar a ceia de forma indigna, pois isso não é o comportamento da Igreja do Senhor. Eles não estão discernindo o “corpo de Cristo”.
A mesa do Senhor é o testemunho mais poderoso da Igreja. Estamos testemunhando diante do mundo e principados e potestades que o Senhor é o centro da nossa vida. Testemunhamos a lembrança do acontecimento histórico da encarnação, morte, e ressurreição de Cristo.
No sentido espiritual a ceia nos coloca em reconciliação com o Senhor e em reconciliação uns com os outros. Isso é a essência da vida da Igreja. As riquezas de Cristo são a revelação do próprio Senhor Jesus e isso acontece ao redor da mesa. Como? Através da Igreja cada membro começa a confessar o Senhor. O que o Senhor significa para ele, como o Senhor se revelou a ele, então ao redor da mesa pela expressão da Igreja começamos a receber as riquezas de Cristo.

Um comentário:

  1. Olá! Pr. Cândido, Graça e Paz...

    Que texto maravilhoso,Irmão! louvado seja Deus pela sua vida, e pelo seu brilhante ministério.

    Verdadeiramente a igreja pós-moderna tem perdido em muito o sentido espiritual da ceia do Senhor, porque desconhece este alicerce da ordenança de Cristo, tem comido o pão sem discernimento do corpo do Senhor, comendo apenas como um ritual inútil, sem nenhum proposito espiritual, pois não segue as ordenanças Bíblicas, como o amado, sitou em At-2:41-47, e em outras passagens, como o caso de Jo-6, em que uma grande multidão buscava ao Senhor Jesus por toda parte, mas não por causa dos Sinais que Ele fazia, mais, por causa do pão que comeram, porem erá um pão que perecia e não permanecia para vida eterna, ou seja, buscavam o Senhor em vão.
    Oramos a Deus para que o seu Santo Espírito continue iluminando a sua igreja, e que todos possamos voltar aos fiéis princípios da nossa fé Bíblica, como nos ensinou o Senhor.

    Deus abençoe sua vida, sua família e seu ministério, em nome de Jesus...
    O Partir do pão em comunhão, perseverando na oração e na doutrina dos
    Apóstolos,trazendo em memoria o sacrifício de Cristo, vivenciando a sua presença, através do comer o pão e beber o vinho e alimentados de Cristo, anunciarem a sua vinda. Eu creio que devemos voltar urgentemente aos fundamentos da fé, se não estaremos fadados a cumprir rituais inúteis, como foi o caso do sacerdócio do Antigo Testamento.

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