Os cristãos estão sendo deliberadamente expulsos de suas casas em certas regiões do mundo, de acordo com a instituição de caridade Portas Abertas.
Seu novo relatório, chamado 'Igreja em Fuga', diz que governos, grupos extremistas armados e em alguns casos até famílias estão tentando enfraquecer ou erradicar as populações cristãs.
Isso ocorre quando novos dados revelam que existem cerca de 100 milhões de pessoas deslocadas no mundo – uma em cada oitenta pessoas na Terra. No Iraque, a população cristã diminuiu de mais de um milhão para cerca de 166.000.
O relatório descreve uma "estratégia deliberada" para enfraquecer, silenciar ou erradicar completamente as populações cristãs. A especialista global em perseguição de gênero da Open Doors, Helene Fisher, disse:
"Parte dessa estratégia deliberada é fraturar as comunidades religiosas. O deslocamento não é apenas um subproduto da perseguição, mas, em muitos casos, é uma parte intencional de uma estratégia mais ampla para expulsar o cristianismo da comunidade ou do país".
A Portas Abertas descobriu que o agente mais comum que impulsiona o deslocamento para os cristãos é sua família.
As unidades familiares podem reter o básico para a sobrevivência, como comida ou abrigo, e podem ameaçar sua segurança física com violência ou ameaças de morte quando um membro da família se converte ao cristianismo.
Grupos violentos e funcionários do governo destacam figuras-chave como líderes da igreja para perseguição.
Sua partida pode ser o gatilho para que outras famílias cristãs da comunidade se mudem.
O relatório também descobriu que os cristãos não deixam a perseguição para trás quando fogem. Em suas novas "casas", eles podem ser destacados, sendo-lhes negada ajuda básica ou enfrentando ataques de outras comunidades deslocadas. Isso acontece enquanto eles já estão processando traumas graves de seu deslocamento inicial.
O relatório destaca o impacto a longo prazo do deslocamento no Iraque com um refugiado local dizendo:
"Todo mundo está saindo lentamente... Acontece silenciosamente, mas está acontecendo todos os dias. As pessoas fazem as malas, trancam as portas e deixam para trás a vida inteira."
Rachel Morley é analista específica de perseguição religiosa para a Portas Abertas e tem falado com a Premier sobre o relatório:
"Descobrimos que religião e identidade religiosa podem significar que os deslocados internos cristãos e refugiados carregam uma camada extra de vulnerabilidade. O que é mais preocupante no relatório é que em todas as etapas da jornada de deslocamento, seja quando um cristão está decidindo sair, ou esteja em um acampamento ou em um ambiente urbano, a perseguição religiosa pode se manifestar em todos os estágios ou em qualquer lugar”.
Morley diz que o direcionamento sistemático de cristãos é visto particularmente em países como Iraque e Nigéria:
"No Iraque, o Estado Islâmico, especialmente na última década, resultou em milhares e milhares de cristãos sendo deliberadamente desenraizados de uma área ou terras específicas.
"Outro lugar onde vemos isso é no norte da Nigéria, onde o papel de vários grupos extremistas islâmicos tornaram seu objetivo remover os cristãos daquela área em particular. Assim, vemos essa estratégia de deslocamentos como uma ferramenta para desarraigar os cristãos de uma determinada área.
"O que vemos também é que a perseguição religiosa faz parte dessa complexa tapeçaria de razões pelas quais um cristão vai embora. Isso pode ser porque ao lado de tensões étnicas, conflitos, há instabilidade. E vemos isso em lugares como Mianmar, onde realmente é essa combinação de fatores, o que significa que existem milhares de deslocados tanto internamente quanto em países vizinhos."
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