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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Chef famoso transforma sobras olímpicas em refeições para sem-teto no Rio

New York Times – Pense no que é necessário para manter todas aquelas máquinas olímpicas alimentadas e hidratadas para uma única refeição nos Jogos do Rio: 250 toneladas de ingredientes crus para encher as barrigas de 18 mil atletas, treinadores e autoridades na Vila Olímpica.

Agora multiplique esse número por três –para o café da manhã, o almoço e o jantar– e mais uma vez para cada dia dos Jogos.


Do outro lado do oceano Atlântico, o chef italiano Massimo Bottura também fez a conta e se sentiu inspirado, não pelas dimensões impressionantes do consumo hercúleo, mas pela perspectiva das sobras colossais.

“Eu pensei: esta é uma oportunidade de fazer alguma coisa capaz de fazer diferença”, disse Bottura, 53, um homem que fala rápido e cujo restaurante em Modena (norte da Itália), a Osteria Francescana, ganhou recentemente o primeiro prêmio da World’s 50 Best Restaurants [Os 50 Melhores Restaurantes do Mundo].

Na quinta-feira (11) à noite, essa “alguma coisa” foi assim: em uma área decadente do centro do Rio, um grupo de chefs mais venerados do mundo corria em torno de uma cozinha bagunçada no meio de um bando de voluntários, enquanto improvisavam um jantar para 70 sem-teto.

Todos os ingredientes, a maioria dos quais teria sido descartada, foi doada, assim como o trabalho dos chefs e dos auxiliares de avental amarelo, alguns dos quais tinham vindo da Califórnia, da Alemanha e do Japão.

Os criadores desse lugar, Refettorio Gastromotiva, esperam que ele mude a maneira como os brasileiros e o mundo pensam na fome, no desperdício de alimentos e na alimentação da dignidade humana.

“Isto não é apenas uma coisa beneficente; não é só sobre alimentar pessoas”, disse Bottura, fazendo uma pausa para apanhar lixo do playground abandonado diante de seu novo empreendimento.

Isto tem a ver com inclusão social, ensinar as pessoas a não desperdiçar comida e dar esperança às que perderam toda a esperança.”

Desde que começou a funcionar, na quarta-feira (10), em uma caixa transparente erguida às pressas no bairro pobre da Lapa, o Refettorio Gastromotiva se tornou uma sensação –um contraponto bem-vindo à comercialização dos Jogos Olímpicos e à comilança que se desdobra toda noite nos pavilhões que muitos países montaram pela cidade.

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