(1) A primeira pergunta que nos ajuda a entender esse texto é: para quem Jesus estava falando naquele momento? O contexto nos ajuda a entender isso.
Alguns versos antes, em João 9:40-41,
observamos Jesus falando com os fariseus (líderes religiosos de Israel) por causa da
cura de um cego. Os fariseus questionam Jesus e Jesus responde a eles sobre a
cegueira espiritual deles.
E é na continuidade dessa conversa
que temos a fala de Jesus sobre o ladrão registrada no capítulo 10 de João.
Nessa continuidade Jesus passa a fazer uma explanação aos fariseus usando
figuras conhecidas (aprisco, ladrão, pastor, porteiro, ovelhas, mercenário,
lobo).
(2) Em João 10:1 Jesus usa a
figura do aprisco,
que era um curral cercado com apenas uma entrada, não só para evitar que as
ovelhas saíssem, mas também que predadores entrassem e fizessem mal às ovelhas.
A saída deste aprisco era guardada e
o porteiro só abria diante da presença do pastor das ovelhas (João 10:2-3).
As ovelhas conhecem a voz do pastor, por isso, o seguem (João 10:4).
As ovelhas não seguem o estranho,
pois não reconhecem a sua voz (João 10:5). Depois de dizer tudo isso,
João destaca: “Jesus lhes propôs esta parábola, mas eles não
compreenderam o sentido daquilo que lhes falava” (João 10:6).
Isso significa que os fariseus não
compreenderam onde Jesus queria chegar com aquilo. Ele, então, segue o ensino
com explicações mais claras.
(3) Jesus diz que Ele é a porta
para a entrada das ovelhas (João 10:7). Ou seja, ele é a única entrada segura
para as ovelhas! Jesus segue com uma crítica dura aos falsos mestres que vieram
antes Dele:
“Todos quantos
vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram
ouvido” (João 10:8). Esses falsos mestres não conseguiram enganar as
ovelhas, foram desmascarados e expostos claramente como ladrões e salteadores
(como Jesus estava fazendo com os fariseus).
Na sequência, Jesus volta a se
identificar como sendo a porta, a única entrada verdadeira para a
salvação: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo;
entrará, e sairá, e achará pastagem” (João 10:9).
(4) A seguir Jesus diz a famosa
frase: “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para
que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10).
Depois de tudo que vimos até aqui,
creio que fica claro que Jesus, considerando o contexto, não estava falando
diretamente do diabo como alguns pensam, mas dos líderes de Israel que, por
conta da forma como agiam, eram ladrões que roubavam, matavam e destruíam
vidas, pois lideravam de uma forma que não agradava a Deus.
Sabemos que isso se enquadra
precisamente na forma como os fariseus conduziam suas vidas e liderança de
hipocrisia.
Mas o diabo não
veio roubar, matar e destruir?
(5) Creio que essas características
malignas são sim também aplicáveis ao diabo. No entanto, não podemos dizer que
João 10:10 está aplicando essas características (nesse texto) diretamente ao
diabo.
Podemos dizer que sim, o diabo também veio roubar, matar e destruir, pois são
características dele, mas é um erro dizer que o texto bíblico de João 10:10 diz
aquilo especificamente sobre o diabo.
Como vimos acima, claramente, era
sobre maus líderes que Jesus estava falando em contraste com Ele, o bom pastor.
Nos versos seguintes Jesus ainda compara esses maus líderes a mercenários que
abandonam covardemente as ovelhas, pois não são pastores verdadeiros:
“O mercenário, que
não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as
ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa” (João 10:12).
(6) Fica ainda mais clara a
mensagem dura de Jesus àqueles maus homens quando analisamos o término da fala
de Jesus e o que ela provocou neles:
“Por causa dessas
palavras, rompeu nova dissensão entre os judeus. Muitos deles diziam: Ele tem
demônio e enlouqueceu; por que o ouvis?” (João 10:19).
Esse grupo de pessoas foi impactado
com as palavras de Jesus, sabiam agora que Ele falava sobre a atitude deles,
daí partirem para o ataque tentando desqualificar Jesus de forma pessoal, pois
não tinham poder e autoridade de confrontá-Lo no debate dentro das Escrituras
Sagradas.
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