(1) A primeira menção sobre o
levirato na Bíblia aparece em Gênesis 38:1-10. Er era casado com Tamar, mas era
um homem perverso, e a Bíblia diz que Deus o fez morrer (Gênesis 38:7).
Então, Onã, irmão de Er, foi chamado
a cumprir o levirato: “Então, disse Judá a Onã: Possui a mulher de teu
irmão, cumpre o levirato e suscita descendência a teu irmão” (Gênesis 38:8).
Em linhas gerais, o levirato era
praticado quando ocorria a morte de um marido que ainda não tinha filhos homens
com sua esposa.
Cabia a um irmão não casado ou a
algum parente mais próximo que estivesse disponível, casar com a viúva.
O detalhe é que no levirato o filho
que nascesse dessa relação era considerado legalmente como filho do falecido.
O levirato na lei
de Moisés
(2) Mais tarde o levirato
aparece complementado com algumas regras na lei de Moisés, com alguns detalhes
adicionais interessantes:
a) Provavelmente temos aqui uma
orientação de que somente um irmão solteiro pudesse, caso o irmão casado
morresse sem filhos homens, casar com a viúva:
“Se irmãos morarem
juntos, e um deles morrer sem filhos, então, a mulher do que morreu não se
casará com outro estranho, fora da família; seu cunhado a tomará, e a receberá
por mulher, e exercerá para com ela a obrigação de cunhado” (Deuteronômio
25:5).
b) O primeiro filho desse
casamento seria considerado como sendo do falecido: “O primogênito que
ela lhe der será sucessor do nome do seu irmão falecido, para que o nome deste
não se apague em Israel” (Deuteronômio 25:5).
c) Esse irmão poderia recusar
casar-se com a viúva, mas isso deveria ser informado aos líderes anciãos da
cidade e representava um ato de grande vergonha para ele (Deuteronômio
25:7-10).
Outros casos de
levirato na Bíblia
(3) Um outro caso na Bíblia onde
temos o levirato sendo praticado com algumas variações é na história de Rute.
Rute tinha um marido chamado Malon, que faleceu (Rute 1:5).
Quando chegou a israel, encontrou
Boaz, que era um parente de seu marido (Rute 2:1). No entanto, antes de Boaz,
existia um outro parente mais próximo que deveria exercer o papel de resgatador
na família.
Mas esse resgatador não quis resgatar
as propriedades e cumprir o levirato para com Rute, o que fez com que Boaz
fosse o resgatador e também cumprisse o levirato:
“Então, Boaz disse
aos anciãos e a todo o povo: Sois, hoje, testemunhas de que comprei da mão de
Noemi tudo o que pertencia a Elimeleque, a Quiliom e a Malom; e também tomo por
mulher Rute, a moabita, que foi esposa de Malom, para suscitar o nome deste
sobre a sua herança, para que este nome não seja exterminado dentre seus irmãos
e da porta da sua cidade; disto sois, hoje, testemunhas” (Rute 4:9-10).
Levirato no Novo
Testamento
(4) A única menção que nos dá
pistas sobre o levirato no Novo Testamento é na mesma história
registrada em Mateus 22:23-28, Marcos 12:18-23 e Lucas 20:27-33, onde os saduceus testam
Jesus perguntando sobre uma mulher que ficou viúva por sete vezes e o levirato
foi cumprido por seis irmãos:
“perguntaram-lhe:
Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de alguém, sendo
aquele casado e não deixando filhos, seu irmão deve casar com a viúva e
suscitar descendência ao falecido…” (Lucas 20:28).
Não temos mais menção nenhuma do
levirato a partir daqui o que nos fazendo crer que ele foi sendo cada vez menos
praticado até desaparecer.
(5) Dessa forma, finalizamos
entendendo que o levirato foi praticado principalmente com o objetivo de manter
as posses dentro das próprias famílias, como uma espécie de proteção familiar
contra pessoas de fora que pudessem casar com viúvas sem filhos e se aproveitar
do que o falecido marido tinha conquistado, além, claro, da questão de ser dada
descendência em homenagem ao falecido que morreu sem filhos.
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