(1) A grande
questão que muitos levantam é sobre a severidade de Deus que parece muito
exagerada em muitos momentos. Citemos um exemplo:
“E aconteceu
que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra debaixo deles se
fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também todos os
homens que pertenciam a Corá e todos os seus bens. Eles e todos os que lhes
pertenciam desceram vivos ao abismo; a terra os cobriu, e pereceram do meio da
congregação” (Números 16:31-33).
Quando se lê um
texto como esse logo se percebe que a severidade foi grande. Corá, Datã e
Abirão e todos os seus foram tragados para dentro da terra vivos por conta do
pecado deles, por eles se levantarem contra Moisés e contra as ordens de Deus.
Mas por que Deus
era tão severo? Não poderia fazer de outra forma?
(2) A análise
dos contextos (próximos e amplos) nos ajudará a entender. Veja, Deus liberta um
povo que era escravo no Egito. Leva eles pelo deserto. Deus liberta todos os
israelitas.
Ou seja, ali no
meio tinha todo tipo de pessoas, não só pessoas “de bem” como também criminosos
e pessoas de má índole.
Se não fosse assim
não seria necessário Deus dar leis tão severas contra pecados terríveis, não é
verdade? Essas pessoas estavam em grande número.
Alguns pensam em
mais de 1 milhão de pessoas indo pelo deserto. Façamos agora um exercício de
análise de contexto para a compreensão da realidade de vida dessas pessoas:
a) Eles não
tinham (ainda – quando saem do Egito) uma lei estruturada do que deveriam ou
não fazer, de como deveria ser a sociedade que eles estariam construindo a
partir da libertação;
b) Eram
escravos e agora eram livres. Seria muito compreensível que demorasse um tempo
para se comportarem como pessoas livres;
c) Não tinham
ainda (como povo) nenhum sistema de proteção e organização social como polícia,
sistema judiciário, prisões, esquemas de aplicação de punições que são
necessárias para se manter a ordem, etc.
(3) Esses
poucos aspectos que levantei (de muitos outros que existem) mostra que esse
povo (que tinha gente má também no meio dele) tinha tudo para viver o caos.
Porém, Deus, como
governantes deles, dá direção a eles, os guia e dá leis. Faz com eles alianças
de obediência, levanta líderes. Esse é um começo de organização.
No entanto, como
vemos nas histórias, muitos se levantam contrariamente ao que Deus designou. Muitos
quebram as leis e a aliança feita. Muitos se entregam a pecados hediondos.
Como coibir tais
ações destrutivas que prejudica a todos? Deus usa de severidade para punição e
exemplo. No caso que citamos acima de Corá, Datã e Abirão, os mesmos se
levantam contra Moisés (o escolhido por Deus para liderar) – ver Números 16:3.
Era uma
resistência não legitima, que ia contra os desígnios de Deus. Como Deus acabou
com ela e ainda deu um forte recado a todos que poderiam ter em mente seguir
tal caminho?
Foi juiz e
aplicador da penalidade. Usou de severidade (justa) contra eles! Isso faz Deus
severo, malvado? De modo nenhum! Era a forma certeira de resolver a questão
dentro desse contexto e manter a ordem.
(4) Podemos
observar, então, que Deus usava de severidade em momentos necessários, para
tratar questões que a exigiam, para educar, para punir questões que colocavam
Seu povo como um todo em perigo.
Essas ações de
Deus devem ser compreendidas dentro de seus contextos e não isoladamente para
transformar Deus em um “Deus mau” do Antigo Testamento como se as
ações Dele tivessem alguma injustiça.
Por isso, é
necessário avaliar todos os contextos de forma ampla e correta, sem isolamentos
de versículos.
(5) Por fim,
dizer que Deus é severo demais no Antigo Testamento é o mesmo que você olhar
para um pai e uma mãe apenas nos momentos em que eles estão disciplinando o
filho em momentos de rebeldia dele e esquecer-se de observar todos os outros
cuidados diários que esses pais têm com o filho, dando-lhe alimentação,
educação, amor, cuidados sem fim!
Esses pais
precisam usar da disciplina em alguns momentos, mas isso não os torna severos e
maldosos, antes, amorosos!
Porém, se olharmos
esses pais apenas no momento da disciplina, alguém poderá julgar que são maus e
severos demais. Mas só esses pais sabem o que o filho precisa para virar gente!
É por isso que a Bíblia diz sobre Deus:
“porque
o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para
disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que
o pai não corrige?” (Hebreus 12:6-7).
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